Bullying em escolas: métodos de prevenção e combate
Todos nós lembramos as histórias de Carrossel, a novela mexicana infantil que foi sucesso de público e teve sua refilmagem brasileira feita pela emissora SBT. Nela, acompanhamos o dia a dia de crianças em sala de aula com a professora Helena e vimos todos os assuntos relativos ao ambiente escolar serem abordados.
Um dos enfoques abordado pela novela era o bullying, a implicância e o preconceito da personagem que sofria Cirilo, um menino apaixonado pela personagem central da história, Maria Joaquina. O termo «bullying» pode ser novo para muitas pessoas, mas o fenômeno já é antigo. De acordo com a ONU, a partir de dados de 2006, um décimo dos alunos sofre atos de violência nas escolas. E esse número está aumentando. Cada vez mais, podemos ver manchetes assustadoras nos meios de comunicação de massa, como: «Adolescentes publicam vídeo de espancamento de colega» ou «Menina se suicida por causa de bullying na escola».
O bullying é uma questão social moderna e crítica. Não podemos ignorá-lo, porque a violência infantil às vezes atravessa as fronteiras.
Este artigo foi escrito para todos os pais, filhos e professores que já passaram por este desafio como o bullying e o assédio na escola e também para as pessoas que desejam proteger seus filhos deste terrível fenômeno da modernidade.
Conteúdos
- Bullying é uma forma de violência
- Causas e motivações do bullying
- Como perceber se seu filho é vítima de bullying?
- Quem participa de bullying?
- Os impactos e consequências do bullying
- Como tratar o bullying nas escolas?
- Prevenção do bullying nas escolas
Bullying é uma forma de violência
O conceito
O termo «Bullying» foi criado pelo professor norueguês de psicologia da Universidade de Bergen Dan Olweus. Foi ele quem deu a primeira definição desse termo como «o tipo de violência que sugere a acusação agressiva de um dos membros de um grupo».
Olweys conduziu o primeiro estudo sobre bullying entre estudantes noruegueses e suecos. Na prática, no entanto, percebeu-se que 15% das crianças enfrentam regularmente o bullying em suas escolas, 9% são vítimas de bullying, 7% das crianças são agressoras e 2% dos estudantes ora são agressoras e ora vítimas.
Os resultados de um novo e moderno estudo sobre bullying, de acordo com a pesquisa americana de 2016, mostraram: 13% dos estudantes sofrem com o bullying verbal, 12% são vítimas de fofocas, 5% das crianças sofrem algum abuso físico e cerca de 5% não são sequer considerados bem-vindos pelos seus colegas de classe.
Este mesmo fenômeno existe em grupos compostos de pessoas adultas. Ele é chamado de assédio moral e consiste em um assédio ou um tratamento silencioso e marcado por acusações. Os pesquisadores descobriram que dos 185 trabalhadores entrevistados, 135 já enfrentaram assédio moral muitas vezes em suas vidas profissionais.
Tipos de bullying
Quais são os diferentes tipos de bullying:
- físico – usando o corpo e os movimentos físicos do corpo para exercer poder sobre os colegas. Socos, chutes e outros ataques físicos são todos considerados tipos de bullying físico;
- verbais – ameaças, insultos, zombarias e provocações;
- sócio-psicológico – é o tipo de bullying que conduz à exclusão e ao isolamento dentro de uma sociedade (fofocas, especulações, tratamento silencioso, manipulações);
- econômico – manifestado pela extorsão e roubo de dinheiro ou coisas, estragar as roupas da vítima;
- cyberbullying – É bullying que ocorre através de dispositivos digitais como telefones celulares, computadores e tablets. O cyberbullying inclui condutas como enviar, postar ou compartilhar conteúdo negativo, prejudicial, falso ou depreciativo sobre outra pessoa. Pode incluir a divulgação de informações pessoais ou privadas sobre outra pessoa, causando-lhe constrangimento ou humilhação. É o tipo mais perigoso de bullying e também o mais recente, pois é difícil se proteger totalmente dele. A relação do Bullying com suicídio, mais comumente chamado de «bullycídio», é definido como uma morte por suicídio, onde o bullying é a causa. O caso mais notório aconteceu nos EUA em 2006, quando uma menina de 13 anos ao lado de sua mãe zombou de outra através da rede social My Space. A vítima não suportou o assédio e cometeu suicídio.
As características do bullying moderno nas escolas
Em primeiro lugar, o assédio moral geralmente ocorre no espaço virtual porque as redes sociais e aplicativos de mensagens são muito populares nos dias de hoje. Toda pessoa pode criar um nome novo e enviar um texto para qualquer um dizendo tudo o que quiser. Adolescentes aproveitam esta oportunidade para abusar das pessoas pois pensam que não serão punidos por suas palavras e atos. Alunos enviam vídeos e fotos agressivos e obscenos para outras pessoas ou enviam mensagens de texto com comentários ofensivos.
Outro fato que chama a atenção é a participação de meninas em bullying. Enquanto antigamente os meninos eram os principais agressores, agora esta proporção é de 50%. O número de meninas que participam de bullying está aumentando.
Além disso, o professor também pode ser vítima de bullying na escola. Os alunos antigamente podiam apenas passar cola na cadeira do professor, mas agora vemos casos de jovens que acham que podem insultar e humilhar o professor durante a aula, cuspir ou até bater na cara.
Tiroteio em escolas como resultado de bullying
Mais um fenômeno da sociedade moderna é o tiroteio nas escolas. Representa um ataque dentro de uma instituição de ensino, como uma escola primária, secundária ou uma universidade, envolvendo o uso de armas de fogo. Os tiroteios nas escolas cresceram após o incidente da escola em Columbine, nos EUA. Em abril de 1999, dois estudantes mataram 13 pessoas e se mataram em seguida.
O último grande incidente desta natureza ocorreu em março de 2019, na cidade de Suzano, estado de São Paulo. Dois jovens entraram no colégio estadual com armas de fogo e uma besta matando pelo menos oito pessoas e ferindo outras nove.
Essas ocorrências são terríveis, são devastadores. Mas é ainda mais trágico que os assassinos foram vítimas de bullying no passado. Estudantes desesperados pegaram em armas e tentaram se defender de seus agressores.
Causas e motivações do bullying
Vamos tentar descobrir quais são as causas do bullying. O que faz as crianças se tornarem agressivas e violentas com seus colegas?
Existem inúmeras causas diferentes. Vamos dividi-las em alguns grupos:
- pedagógicas (espaço da escola, sala de aula). Perceba como é importante aqui a posição do professor, pois é mais provável que uma criança seja assediada se o professor permitir que os demais alunos impliquem e humilhem uns aos outros. Além disso, um professor pode ser simplesmente um espectador e não intervir na situação.
- psicológica (personalidades de agressor e vítima).
- social (promoção e incentivo a um comportamento dominante e agressivo na sociedade, na TV, na Internet e em jogos de computador).
- relacionado à família (falta de amor e atenção dos pais, agressão física e verbal dos pais, controle excessivo).
Já os motivos podem ser:
- inveja;
- vingança (quando a então vítima passa a ser o agressor, tentando punir seus antigos agressores por seu próprio sofrimento);
- auto-afirmação em um grupo;
- tentativa de ser o centro das atenções, de parecer valente;
- desejo de neutralizar um rival, tentando humilhá-lo.
Como perceber se seu filho é vítima de bullying?
As crianças não compartilham todos os seus problemas com os adultos. É por isso que os pais precisam perceber os sintomas do bullying o mais cedo possível. Os seguintes fatos e comportamentos podem indicar a presença de bullying:
- tem uma visão negativa da escola, tenta aproveitar todas as chances de perder aulas;
- volta para casa triste e abatido;
- chora com frequência e sem aparente motivo;
- não compartilha nem conta nada sobre sua vida escolar e colegas de turma;
- perda de apetite e dorme mal;
- apresenta muitos hematomas e machucados no corpo e no rosto.
Quem participa de bullying?
No bullying, geralmente existem as vítimas, os agressores e os espectadores. Todos são participantes de bullying.
Vítimas
Não importa qual é a causa do bullying. Geralmente, são vítimas de bullying as crianças:
- com deficiências físicas ou deficiências de aprendizado (diminuição da audição ou visão e etc);
- inseguras, reservadas, ansiosas e com baixa auto-estima;
- com algum traço incomum na aparência (sardas, mais gordinhos, mais magros e etc);
- com alguma deficiência mental ou que tem problemas nos estudos;
- que são os “queridinhos” dos professores ou os excluídos.
A impossibilidade de enfrentar seus agressores une todas as vítimas. Elas não podem revidar e se proteger.
Agressores
Um agressor em potencial seria alguém que:
- tem baixa auto-estima e que tenta esconder através da humilhação de outros;
- está tentando ser o centro das atenções custe o que custar;
- é agressivo, violento, com tendências de dominância e manipulação;
- apresenta questões familiares sensíveis e que tem uma relação ruim com adultos.
Os agressores podem ser crianças oriundas de famílias disfuncionais, mas também podem vir de famílias com uma excelente situação financeira.
Espectadores
É o maior grupo de participantes do bullying que acontece nas escolas. Os espectadores são as pessoas que se envolvem em uma situação de bullying e que costumam resultar em três situações. Na primeira, o espectador fica ao lado da vítima, arriscando a si próprio e correndo o risco de se tornar uma nova vítima. Além disso, ele pode adotar uma atitude passiva e não interferir no bullying. A terceira situação é de apoiar o agressor e ajudá-lo a humilhar o outro.
Os impactos e consequências do bullying
Ao abusar dos demais, os agressores se sentem realizados e se tornam cada vez mais frios. Eles se consideram onipotentes e impunes. Eles têm pensamentos cada vez mais destrutivos que vão minando suas personalidades. Seu desvio de comportamento pode levá-lo aos Conselhos Tutelares.
Os espectadores sentem uma tremenda culpa e vergonha, pois falharam em ajudar a vítima ou sequer tentaram fazê-lo.
O trauma psicológico mais grave ocorre com a vítima. Ainda adultas, as vítimas se lembram de todas as suas dolorosas experiências de bullying.
Os psicólogos indicam que o bullying no ambiente escolar pode ser comparado à violência doméstica em termos de gravidade.
- Uma vítima pode desenvolver doenças psicossomáticas, como dores de cabeça, distúrbios de sono e alimentação, doenças crônicas podem ser exacerbadas.
- Transtornos depressivos, ansiedade, distúrbios psicológicos específicos.
- As reações mais graves são as tentativas de suicídio e os tiroteios em escolas, quando a criança não aguenta mais o assédio e quer se vingar usando bombas e armas.
Como tratar o bullying nas escolas?
E se a criança é vítima de bullying?
- Se você estiver sendo vítima de bullying na escola, com outras pessoas te dando apelidos e implicando com suas roupas, conte tudo para adultos: pais, professores, amigos mais velhos. Lembre-se de que pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, mas sim a melhor e mais madura solução que uma pessoa em apuros pode tomar.
- Não tenha medo de tudo piorar se você contar a alguém sobre o bullying. Será pior se você estiver sozinho e não tiver ninguém para protegê-lo.
- Se você está sendo ameaçado na Internet, guarde todas as mensagens (de texto e de voz), vídeos e fotos para usá-lo como prova do crime cometido.
- Se você puder remediar o motivo que imagina ser a causa do bullying, faça-o. Caso contrário, também não pense que é culpado.
Como os pais devem agir?
Se o seu filho está sofrendo bullying na escola, lembre-se do seguinte:
O primeiro e principal ponto: ajude seu filho a lidar com o sentimento de culpa!
Explique que não é culpa dele. De nenhuma maneira, uma criança é pior que as demais. Coisas acontecem e essa situação é terrível, mas todos os adultos podem ajudar a lidar com isso.
- Mostre para a criança que você está do seu lado. Apoie e acalme a criança: «É muito bom você ter me contado tudo! Eu acredito em você. A culpa não é sua. Eu vou te ajudar a superar isso».
- Converse com a criança sobre a situação. Mostre a ela outras maneiras de agir.
- Ajude a criança a ganhar confiança nas coisas em que é brilhante. Ensine a criança a enfrentar o assédio das pessoas.
- Converse com o diretor, outros professores e os pais do agressor.
Se a situação for muito séria e você não conseguir resolvê-la pacificamente, tente buscar uma nova escola ou turma. Esta é uma situação extremo, já que você não pode ter certeza de que a mesma situação não acontecerá novamente em uma nova escola.
Falando sobre cyberbullying: se o agressor for alguém que você conhece, bloqueio-o e reporte aos administradores do site. Já se o agressor for anônimo, imprima as mensagens, faça capturas de tela, faça o download de vídeos e fotos e vá para a delegacia.
Um papel importante dos pais não é apenas proteger a criança, mas também ensiná-la a se comunicar corretamente com as pessoas ao seu redor. É realmente difícil evitar a violência e a agressão em nossa vida cotidiana. Uma criança deve aprender a dizer “não”, não cair na provocação de colegas e entender que não é ruim compartilhar seus problemas com os adultos, já que eles podem ajudar a resolvê-los e isso é melhor do que tentar completamente sozinha. A família não deve afastar, mas apoiar em uma hora difícil.
Prevenção do bullying nas escolas
É melhor atuar para prevenir qualquer fenômeno do que lidar com suas consequências e o bullying nas escolas não é uma exceção. A prevenção da violência na escola é a forma correta para os adultos lidarem com esse problema.
Queridos professores! É impossível que você não saiba o que está acontecendo com seus alunos e ignore o comportamento agressivo de alguns deles. Qualquer notícia de violência deve ser verificada e analisada. Além disso, é fundamental prestar atenção à formação de grupos de crianças na classe e à identificação de alunos que sejam «párias» e «ovelhas negras». Também siga seus alunos na Internet e preste atenção às suas postagens e comentários. Isso não é um incentivo a violação da privacidade dos alunos, mas uma forma de impedir a violência e de proteger seus alunos. Você deve organizar eventos, viagens, passeios e visitas em grupo. Envolva o psicólogo da escola e um conselheiro, coopere com as famílias. Não seja insensível!
Queridos pais! Converse com seus filhos sobre o bullying e como eles podem se proteger. Explique-lhes que contar aos adultos o que ocorre é a melhor solução e também a mais madura, que não deve ser vista como um ato de fraqueza.
Crianças! Vocês estão apenas começando a viver. Ao longo da sua vida, pode ser que você se depare com muitas coisas ruins, cruéis e injustas. Tente ser mais forte que o mal, aprenda a dizer «não», quando alguém te incentivar a fazer algo ruim, imponha-se perante seu agressor. Encontre seus amigos com afinidades em comum, saia apenas com pessoas que te respeitam e apreciam.
Agora você sabe quase tudo a respeito do bullying nas escolas. É claro, o mundo moderno é cruel e perigoso. E a principal ameaça somos nós mesmos. Não ignore a realidade ao seu redor. Se você vir uma situação de bullying, fique alerta, tente descobrir uma forma de ajudar a pessoa e resolver o problema.
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